Querelle, de Jean Genet (1947), transformado em filme por Rainer Werner Fassbinder vem à tona quando se conhece a aura do Club Yacht, inaugurado em janeiro, de 2012.
A atmosfera do clube é um cenário teatral e subversivo erguido através de um forte projeto de cenografia e iluminação. Tudo para que a figura imaginária do marinheiro, interpretado pela audiência do clube, se destaque.
Os sócios Bob Yang, Cacá Ribeiro e Facundo Guerra reuniram uma equipe de profissionais para dar vida ao galpão de 300 metros quadrados localizado à Rua 13 de maio, 701, na região central de São Paulo, a partir de referências náuticas que tiveram por inspiração o navy de Jean Paul Gaultier, o texto de Genet e as obras de Leonilson, além de referências caras ao pop, como as tatuagens e ilustrações old school do famoso tatuador Sailor Jerry.
O projeto arquitetônico, de Mila Strauss e Marcos Paulo Caldeira, fez surgir da obra civil um grande navio com proa e popa, além de uma área externa. O ambiente foi cenografado por Pier Balestrieri, unindo elementos da marinha e art déco, além da iluminação assinada por Lonardi Doná: “Resolvemos juntar a estética náutica ao hedonismo dos anos 1970 visto em boates como Studio 54, Regine´s e Paradise Garage, mas com humor. Nós queremos rir da cara do luxo”, se diverte Cacá Ribeiro ao contar da novidade.
E esse revival das grandes boates do passado se conecta, inclusive, no comportamento que propõe. “O Yacht vai abrir à meia-noite como uma espécie de coquetel, com música mais suave para que o público tome um drink e converse. Depois das 2h é que a música ganha um tônus mais quente, alto e liberal”, detalha Bob Yang.
O local tem capacidade para 500 pessoas e funcionará de quinta-feira a sábado, com programação voltada basicamente para tudo que atenda ao desejo de seu público pela diversão: não existe limites ou dogmas dentro do Yacht. A sexta-feira, 13 de janeiro, é o primeiro dia em que o Club Yacht estará aberto ao público.
Sob a tutela de Ivan Arcuschin, Guilherme Toledo e Thomas Moraes, as picapes das sextas-feiras do Yacht terão o indie rock como ponto de partida, seguindo para as vertentes mais atuais da música independente com diversas atrações programadas, na festa chamada Damn Fridays em periodicidade mensal. O line-up é formado por Vitor Kurc, Jun Honda e Thomas Moraes. O público da noite é convidado a ir até o Yacht de táxi e, apresentando o recibo, é liberado da fila e recebe desconto na consumação.
Já o sábado terá uma longa noite (e a primeira será realizada em 14/01). Alex Gatto, Beto Cintra, Bob Yang e Cacá Ribeiro - o clã por trás da Ultralions - iniciam a festa Yacht à meia-noite com disco, house e pop até as 5h, além de iluminação com cores mais frias e staff em vestimentas mais compostas. Em seguida, o Yacht recebe a segunda festa da madrugada, a Bon Jour, que segue até as 9h, com vertentes étnicas da house music, luzes mais quentes, staff em figurino mais abusado. Já o line up conta com DJ Tonny, Marcelo Saturnino, Boss in Drama e João Neto.
Desde a entrada com cabines que se parecem com as de uma embarcação náutica, passando pela pista com cabine e bar nas suas laterais, um palco para pequenos shows, até o teto, a cenografia é permeada por metal, madeira e pedra. As paredes laterais se complementam esteticamente: linhas de alto relevo quase esculturais da art déco que tanto agradou à burguesia do pós-guerra surgem com aplicações de espelho em uma das paredes.
Na outra, metal, arrebites, e arandelas revelam-se como um casco de navio retirado do fundo de um mar, com as marcas do tempo nele calcadas por oxidação. Poltronas, sofás e mesas completam o ambiente, com cinco camarotes exclusivos, com capacidade para oito pessoas. Os banheiros, em grande número, ganham pisos criados especialmente para o local, com cavalos marinhos desenhados em ladrilho náutico, além de louças Interbagno. Há ainda dois mezaninos, mobiliados com mesas e cadeiras, com atendimento privativo e capacidade para cerca de 30 pessoas.
Separando a pista de um dos banheiros, há um aquário de mais de dois metros com espécies agressivas de peixes. Já na transição entre a pista e o bar externo aberto, todas as paredes são cobertas por escamas de peixe desenhadas em espelho. Ao chegar à área externa, o público vai se deparar ainda com uma pintura Razzle Dazzle azul e branco – tipo de pintura muito usada pela marinha durante a Primeira Guerra para camuflar navios confundindo a visão de quem os observava com relação à distância, tamanho e a linha de mar no casco, estratégia usada para confundir aviões torpedeiros. Neste local, há ainda um cavalo marinho em dimensões monumentais.
O azul, como não poderia deixar de ser, é predominante no ambiente, que se apoiou em uma iluminação sem grandes excessos tecnológicos, mas que vai suportar as diferenciadas demandas de acordo com cada projeto musical e/ ou apresentação propostos nas noites do clube. A iluminação, vedete do Yacht, foi inteira recuperada e restaurada de discotecas clássicas dos anos 1970 e se encontrava sucateada nos rincões do Brasil.
Com isso, o grupo responsável pelo projeto pretende distanciar-se do LED, tecnologia cada vez mais onipresente na iluminação das boites no mundo todo, e render uma homenagem à maneira clássica de se fazer luz nas boites que lhe serviram de inspiração. Já os móveis foram escolhidos um a um, encontrados em antiquários, “família-vende-tudo” e, principalmente, leilões.
Club Yacht - Rua 13 de maio, 701, Bela Vista
Telefone: 3104-7157 Capacidade: 500 pessoas
Cartões de crédito: Visa, Mastercard, Diners e Elo
Horário de funcionamento: quinta-feira e sexta-feira, de meia-noite às 5h; sábado, da meia-noite às 9h
Enviado por: Eduardo Alves
Data de publicação: 10/03/2013 - 12:31
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